sexta-feira, 23 de maio de 2008

REORGANIZAÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS EM PORTUGAL - UMA OPINIÃO

O PSD certamente vai dividir-se em movimentos e partidos diferentes, que assegurarão o protoganonismo e a mediatização das diferentes correntes de opinião. Não há outro caminho. Quem entra na liderança do PSD tem uma guerra interna assegurada. Para quê continuar com este clima de guerrilha interna? (ver hoje o debate organizado pela TVI - in Público)
No PS, Manuel Alegre teve essa oportunidade e não a segurou. Aliás, os Soaristas apenas pela história que têm no partido, não avançaram eles mesmos com um movimento próprio após a derrota de João Soares na eleição para Secretário Geral.
No PC, os movimentos criados fundiram-se no PS.
Por sua vez, no BE as correntes de opinião são legitimadas pelos diferentes partidos que compõem o Bloco, não havendo assim espaço para a dissidência.
Lá regressamos nós ao período de intensa instabilidade política que caracterizou o fim da Monarquia - reorganização dos partidos e suas esferas de influência e diminuição do poder dos grandes partidos pela implosão que eles tiveram devido às dissidências.

6 comentários:

Anónimo disse...

Obviamente que o espectro partidário português padece de males intestinos que são difíceis de debelar.

PS e PSD, logo à nascença, ocuparam espaços conflituantes, enquanto não conseguiram eles próprios reduzir a uma expressão simbólica os seus laterais e assim afirmarem-se pela diferença.

Não, andam os dois à compita a ver quem ultrapassa quem mas apenas e só para chegar ao poder.

Pasme-se que enquanto Sócrates faz o que faz (e muito foi o que o PSD sempre prometeu que faria), agora Ferreira Leite vem falar nas questões sociais!

Mas se almejar atingir os objectivos a que se propõe, logo haverá de topar forma de mudar agulhas e práticas.

Ora isto leva-nos a outra questão ... no seu cerne os partidos não dão espaço à honestidade! E muitos dos que lá andam não a querem ...
Veja-se que quando alguém da Oposição diz bem de qualquer medida do Poder, levanta-se um escarceéu. Pode ser a maior evidência do mundo, mas não se pode admitir que está bem feito!

Mas pode-se mentir.
E fazer de conta ...

Obviamente que isto tudo resulta também um pouco do nosso laxismo enquanto cidadãos e da memória curta de muitos. Ainda ontem lia por aqui na blogosfera alguém a insurgir-se que agora era pontes sobre o Tejo, TGV, aeroporto ... que era só betão; e logo a seguir falou da obra do PSD apontando as auto-estradas de Ferreira do Amaral, a ponte Vasco da Gama ... a miopia é lixada!

Para finalizar, eles gostam de ser todos dissidentes e contestatários mas não estão para abdicar das mordomias ... Zita Seabra mudou-se de armas e bagagem, despudoradamente, do PCP para o PSD; Manuel Alegre não se revê no PS, mas nem sai do partido ou do Parlamento ...

Desculpe a ousadia do testamento e obrigado pela visita ao cont(r)a corrente; volte sempre.

Alexandre Nunes disse...

Caro quinttarantino

Percebo a lógica da sua argumentação. Mas permita que faç um reparo. As diferentes correntes dentro dos partidos raramente têm mordomias, pois não há espaço para elas. Da corrente Alegrista só temos a ministra da Saúde! E dos Soarista? Quem lá está? O actual presidente da CML teve de ir à procura do seu espaço, porque tinha pouco por onde se virar.
No PSD passa-se o mesmo. Não há lugar no governo e autarquias para as outras correntes de opinião. Eles vão mesmo ter de se "virar".

Anónimo disse...

Na lógica que apresenta agora, concordo.

Da análise que faz e que se refere a António Costa acrescento esta perspectiva: penso que a sua saída do Governo e ida para a Câmara Municipal de Lisboa (onde não me parece que esteja a fazer um mau trabalho) é bem capaz de ter sido uma grande jogada de mestre para preparar o futuro!

Afastou-se de um Governo que claramente perdeu o norte nalguns domínios, se depara com uma opinião pública crescentemente hostil embora nem sempre imparcial nas visões, a economia nacional e internacional de rastos e uma imagem que pobre dela!

Estará, pois, bem posicionado.

Alexandre Nunes disse...

quinttarantino: Concordo!

António de Almeida disse...

-O PSD não se pode desagregar, algo une-os a todos, o poder, teriam de fazer á posteriori coligações com eles proprios. Enquanto persistir o actual sistema eleitoral os partidos não se dasagregam, por mais facas longas que atravessem, no máximo poderão expulsar alguém, mas Valentim Loureiro, Fatima Felgueiras e Isaltino Morais dão que pensar a muita gente, por vezes é melhor ignorar uma voz dissonante que criar um martir.

Alexandre Nunes disse...

António de Almeida - Esses nomes dão força ao meu pensamento, ou seja, é possível que um líder carismático saia do partido mãe, e forme um movimento vencedor. Até com o PCP isso já aconteceu - vide caso da CM de Redondo.
Creio que é possível e que vai acontecer a breve prazo no PSD